terça-feira, 23 de agosto de 2011

E se tivesse sido diferente?



(...) É comum pensarmos que, ao ficarmos parados no mesmo lugar, sem agir, sem mudar nada, estamos assegurando um destino tranquilo. Engessados na mesma situação, é como se estivessemos protegidos de qualquer possível ebulição que nos inquiete. Ssssh. Quietos! Ninguém se mexe para não acordar o "demônio".
Não deixa de ser uma estratégia, mas falta combinar com o resto da população. As pessoas que nos cercam sempre interferirão no nosso destino. Se dermos uma guinada brusca ou permanecermos na rotina, tanto faz: o mundo se encarregará de trocar as peças de lugar nesse imenso tabuleiro chamado dia a dia.(...)
Algumas vidas até podem ser tristes, outras são disperdiçadas, mas num sentido mais absoluto, não existe vida errada.

Martha Medeiros

sábado, 20 de agosto de 2011

happiness


Ando por aí, fazendo o que eu aprendi com o tempo que é o que me deixa mais feliz. E não estou tentando mostrar pra todo mundo, sou egoísta, quero a felicidade só pra mim!

ausência boa


"Você não sabe mais nada sobre mim. Não sabe que o aperto no meu peito diminuiu, que meu cabelo cresceu, que os meus olhos estão menos melancólicos mas que tenho estado quieta, calada, concentrada numa vida prática e sem aquela necessidade toda de ser amada. Não sabe quantos livros pude ler em algumas semanas. Não sabe quais são os meus novos assuntos nem os filmes favoritos. Não sabe que a cada dia eu penso menos nele, mas que conservo alguma curiosidade em saber se o seu coração está mais tranqüilo, se seu cabelo mudou, se o seu olhar continua inquieto. Nem imagina quanta coisa pude planejar durante esses dias todos e como me isolei pra tentar organizar todos os meus projetos. Não sabe quantos amigos desapareceram desde que me desvencilhei da minha vida social intensa. Que tenho sentido mais sono e ainda assim, dormido pouco. Que tenho escrito mais no meu caderno de sonhos. Não sabe que eu nunca mais me atentei pra saudade. Que simplesmente deixei de pensar em tudo que me parecia instável. Que aprendi a não sobrecarregar meu coração, este órgão tão nobre. Hoje foi um dia em que percebi quanta coisa em mim mudou e você não sabe sobre nada disso. Não sabe que tenho estado tão só sem a devastadora sensação de me sentir sozinha. Não sabe que desde que não compartilhamos mais, eu tive que me tormar minha melhor companhia: nem imagina que foi você quem me ensinou esta alegria.
Acho que não precisava ser assim. É tudo tão forte, tão profundo, tão bonito, não precisava doer como dói. Eu não podia apenas sorrir quando me lembrasse de você? Mas acontece tipo assim: lembro do seu rosto, do seu abraço, do seu olhar e começo a sorrir, é assim mesmo, automático, como se tivesse uma parte do meu cérebro que me fizesse por um instante a pessoa mais feliz do mundo. Eu sei, é lindo. Mas logo em seguida, quando penso em quão longe você está sinto-me despedaçar por inteira. Sabe a sensação de arrancar um doce de uma criança? Pois é, sou essa criança. E dói. Uma dor cujo único remédio é a sua presença. Então sigo assim, penso em você, sorrio, sofro e rezo, peço pra Deus cuidar da gente, amenizar essa dor e trazer logo a minha cura."

Caio Fernando Abreu